“Casamento às Cegas Brasil” é um reality show inovador no qual os participantes buscam o amor sem nunca terem se visto fisicamente; eles conversam apenas através de cabines isoladas e são incentivados a desenvolver conexões emocionais profundas antes de decidirem se casar.
No programa, os participantes tomam decisões rápidas sobre seus futuros juntos, priorizando hipoteticamente a conexão emocional sobre a aparência física. No entanto, será realmente possível construir uma conexão emocional somente com base em conversas? E mais ainda, será que essa conexão construída em poucas semanas é forte o suficiente para sustentar um relacionamento duradouro como o casamento? São essas questões que o programa tenta responder com a experiência dos casais em potencial.
Como uma fã de reality shows e amante do estudo das relações humanas, sempre assisto a todas as temporadas de “Casamento às Cegas” e o que sempre observo é uma mudança drástica do apaixonamento dentro das cabines para a quebra de expectativas fora delas, exceto em raríssimos casos de sucesso.
É comum os participantes afirmarem que a outra pessoa não é a mesma das cabines, e de fato não é mesmo, pois lá estão em um ambiente controlado, onde tudo parece encantador e mágico. Algo não tão diferente do que acontece no nosso cotidiano, em que casais falam o quanto as pessoas mudaram ao longo do relacionamento, não é?
Ao se encontrarem no mundo real, muitos casais do “Casamento às Cegas Brasil” enfrentam desafios significativos para manter a relação além das conversas iniciais. Diferenças de valores, expectativas, costumes e pressões sociais rapidamente surgem, causando grande estranhamento para os participantes em relação ao que foi vivido nas cabines.
Arrisco-me a dizer que as escolhas feitas nas cabines são impulsivas e baseadas em expectativas do que as pessoas gostariam que seus parceiros fossem. Sem conhecerem as aparências físicas, muitas idealizações sobre como os parceiros são contruídas. Por essa renúncia, as escolhas são baseadas em preferências momentâneas, suposições de um futuro relacionamento, frequentemente sem considerar o potencial de uma conexão mais profunda.
Isso não ocorre apenas no programa. Quantos de nós já descartamos potenciais relacionamentos profundos e duradouros por medo, impulso ou simplesmente por achar que alguém não é um bom partido (e)? Ou mesmo o contrário, de entrarmos em erelacionamentos por impulso e pura idealização da pessoa? Compreendendo esse acontecimento relacionado a sociedade consumista em que vivemos. São tempos de aplicativos como o Tinder, onde, com base em poucos segundos, decidimos se queremos ou não nos relacionar com alguém. Quem tem tempo e disposição para encontrar alguém “à moda antiga”?
Mas coloco aqui em questão: para onde esse formato superficial de conhecer as pessoas está nos levando? É possível construir um vínculo e saber se alguém é um bom companheiro ou companheira (e) se nossa expectativa se baseia em informações superficiais? Muitas vezes, priorizamos conveniência e satisfação pessoal sobre a construção de laços significativos. Ou seja, realmente damos tempo para construir ou conhecer alguém em sua essência, ou, nas primeiras divergências, desistimos por “incompatibilidades”? Estamos verdadeiramente investindo na construção de relacionamentos significativos ou apenas buscando gratificação imediata?
Eu sei que é difícil. Temos muito medo de nos decepcionar, sofrer, e, ao mesmo tempo, às vezes agimos por impulso, entrando em relacionamentos superficiais que não satisfazem o que realmente buscamos. Além disso, temos tantas outras exigências que consomem nosso tempo, como trabalho, família, carreira, amizade, lazer, hobbies, etc., que parece que temos que nos relacionar à moda fast food, simplesmente porque não há tempo suficiente!
E agora, o que fazer? Sugiro que você vá na contramão desse movimento de relacionamentos líquidos. Por mais que possa parecer trabalhoso, talvez você encontre consequências mais promissoras e alinhadas com o que realmente deseja e faz sentidos para você.
Permita-se sair do automático e conhecer a si mesmo, fazer terapia e descobrir o que é realmente importante para você em um relacionamento. Conheça as pessoas como elas realmente são, sem expectativas sobre como deveriam ser, com isso você poderá fazer até amigos ou colegas.
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